O Prémio Nobel da Química 2025 foi atribuído a Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar M. Yaghi, das Universidades de Quioto, Melbourne e Califórnia, respetivamente. Os laureados foram distinguidos com este prémio “pelo desenvolvimento de estruturas metalo-orgânicas”, tal como anunciado pela Real Academia Sueca de Ciências esta quarta-feira, 8 de outubro de 2025.
O comité encarregue dos prémios destacou que os três galardoados “criaram novas salas para a química”, através do “desenvolvimento de um novo tipo de arquitetura molecular. As construções que criaram - estruturas metalo-orgânicas - contêm grandes cavidades nas quais as moléculas podem entrar e sair. Os investigadores utilizaram-nas para recolher água do ar do deserto, extrair poluentes da água, capturar dióxido de carbono e armazenar hidrogénio".
Estas estruturas, frequentemente designadas pela sua abreviatura em inglês, MOFs (do inglês, metal-organic frameworks), têm um enorme potencial para um vasto leque de aplicações, representando uma oportunidade única para desenvolver materiais personalizados. As MOFs já demonstraram que a Química pode desempenhar um papel fulcral na resolução desafios globais como poluição ambiental, armazenamento de energia, produção de semicondutores, e eficácia no combate a doenças.
É de destacar que o Professor Omar M. Yaghi participou como plenarista na 13th Inorganic and Bioinorganic Chemistry Conference, organizada pela SPQ, em 2022, convite que resultou da existência de vários grupos em Portugal a explorar este tipo de estruturas para as mais variadas aplicações.
Os três laureados prestaram um grande contributo à humanidade, tendo assim cumprido a missão de Alfred Nobel. Temos hoje a certeza que estas arquiteturas moleculares representam efetivamente “novas salas para a química”, sobre as quais ainda há muito mais a explorar.
Vânia André
Centro de Química Estrutural, Institute of Molecular Sciences, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
© Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences