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Série II / Número 145 / Volume 41
Junho 2017
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DOI: 10.52590/M3.P680

O QUÍMICA completa 40 anos em junho. São 40 anos, e 145 números, a divulgar Química em português! Foram muitos os que ao longo destes anos contribuíram para que o nosso Boletim chegasse a casa dos seus leitores (os sócios da SPQ), a começar pelos autores dos conteúdos (artigos, notícias, agenda, etc.), passando pelos diretores e diretores-adjuntos, até aos designers gráficos, que têm a responsabilidade final de apresentar fascículos bem organizados e atrativos. Este número é dedicado a todos eles.

O aniversário do QUÍMICA é um bom pretexto para prestarmos homenagem aos seus primeiros Diretores: Ana Lobo, Virgílio Meira Soares, Joaquim Moura Ramos, Raquel Gonçalves Maia, Mário Berberan e Santos, e Luís Paulo Rebelo. Foram eles que lhe deram “vida” e acompanharam o seu crescimento até à “maioridade“. Em “40 anos a divulgar a Química em Portugal” apresentamos os testemunhos destes seis Diretores: uns em forma de entrevista, e outros em textos dos próprios. Recomendo vivamente a sua leitura!

É importante assinalar as quatro décadas de existência do nosso Boletim, mas é ainda mais importante garantir que um futuro Editor possa celebrar os 50 anos do QUÍMICA. É necessário assegurar que o QUÍMICA continue a existir (no formato atual ou noutro) e a ser o elo de ligação dos químicos portugueses – e isso depende exclusivamente dos químicos portugueses!

O Noticiário deste número é dedicado quase na totalidade às Olimpíadas de Química (Júnior e Mais). São vários textos e muitas fotografias sobre esse assunto – e isso é um bom sinal. Esse é o resultado do esforço de tantos professores que, por todo o país, motivam os seus alunos para a Química e os incentivam a participar nas Olimpíadas. O número de equipas participantes tem aumentado ano após ano, o que mostra que a estratégia da SPQ em alargar as Olimpíadas de Química aos mais novos está a resultar. Poderemos, em breve, assistir a uma maior procura pelos cursos de Química?


O Boletim da SPQ, o Química, foi criado há precisamente 40 anos. Teve como missão inicial revitalizar a SPQ, não só através da angariação de novos sócios, mas também para divulgação da Química que se fazia em Portugal. Neste período sofreu, naturalmente, muitas modificações. Contudo a sua essência perdurou, sendo atualmente uma publicação nacional de referência para os Químicos portugueses


Olimpíadas da Química (semifinais e final)
1º Encontro dos Editores dos boletins das sociedades nacionais de Química associadas à ChemPubSoc Europe


Após um longo  período de inatividade, a SPQ foi reorganizada e dinamizada graças aos esforços de uma Comissão Instaladora que integrava colegas do IST e da FCUL, eleita em Assembleia Geral em 1975. EM 1977, a SPQ foi dotada de uma sede própria em Lisboa (partilhada com as Sociedade de Física e de Matemática), e foi iniciada a publicação de um Boletim Informativo, distribuído gratuitamente a todos os sócios.


A eficiência de emissão de um fotão por uma molécula num dado estado excitado, depende das várias probabilidades de transição radiativas e não radiativas desse estado. Existem três processos de luminescência molecular: fluorescência imediata, fosforescência, e fluorescência retardada. A fluorescência imediata é, dos processos referidos, o que mais facilmente pode ser observado. Por sua vez, a fosforescência pode, normalmente, ser detetada a baixas temperaturas (por exemplo 77 K). A fluorescência retardada é o processo menos vulgar. Com características da fluorescência imediata e da fosforescência, a fluorescência retardada é um fenómeno singular, que pode ter três origens: ativação térmica, aniquilação tripleto–tripleto e recombinação de cargas. Neste artigo, discutem-se as características e a história da fluorescência retardada por ativação térmica que é, atualmente, um processo importante nas aplicações da luminescência.


O impacto ambiental causado pela acumulação de resíduos plásticos tem levado à procura de materiais biodegradáveis, como os bioplásticos. Os plásticos são materiais com capacidade de serem moldados. Quando produzidos a partir de fontes renováveis, como a biomassa, são designados bioplásticos. Apesar da sua existência comercial, a produção a nível industrial é ainda reduzida devido às propriedades mecânicas e físico-químicas, nomeadamente restrita resistência à rutura e/ou flexibilidade, sensibilidade a condições de humidade e limitadas propriedades de barreira, assim como os custos, que ainda não são competitivos com os dos plásticos. Como potencial estratégia para colmatar estas limitações e promover a expansão dos bioplásticos, surge o projeto “POTATOPLASTIC”, financiado através do programa de apoio Portugal2020, que visa a valorização dos subprodutos da indústria de batata frita através da recuperação de compostos adequados à produção de bioplásticos. Neste projeto, o amido, o óleo e as ceras foram extraídos, respetivamente, das águas de lavagem, dos resíduos de fritura e das cascas de batata. A combinação do amido nativo e/ou modificado com óleo e/ou ceras permite manipular as características dos materiais, obtendo-se películas transparentes, flexíveis e hidrofóbicas com potencial aplicação como embalagem alimentar. Este projeto promove o desenvolvimento sustentável de bioplásticos, criando a base para que, num futuro próximo, se traduza numa metodologia transponível à escala industrial.


O final da década de 1970 testemunhou uma tremenda revolução na forma de sintetizar estruturas orgânicas complexas devido ao aparecimento duma série de novas tecnologias de acoplamento C–C. Por detrás destas tecnologias encontra-se a reação de Heck, descoberta e publicada em 1967 por Richard F. Heck, e por ele aperfeiçoada para a sua forma atual em 1974. Fazendo esta descoberta como investigador numa fábrica de explosivos, a Hercules Powder Company, Heck teve um papel crucial no desenvolvimento da catálise homogénea organometálica e no uso desta em síntese orgânica. A sua postura reservada e modesta manteve-o afastado da ribalta académica, mas sempre atento à espantosa repercussão das suas descobertas. Um Prémio Nobel tardio trouxe-lhe finalmente o merecido reconhecimento, que ele aceitou duma forma discreta mas com a clara consciência da importância da sua contribuição para a História da Química.


A entrega controlada e seletiva de material genético à célula viva, recorrendo à encapsulação em sólidos nanoporosos, é um mecanismo de três fases: i) confinamento da biomolécula, seguida de ii) difusão ao longo do poro e, finalmente, iii) ejeção da carga biológica em direção ao interior da célula. De forma a estudar as propriedades termodinâmicas e cinéticas envolvidas no processo, utilizam-se experiências computacionais ao nível atómico para sondar o confinamento de duplas hélices de B-DNA canónico (5'-D(*CP*GP*CP*GP*AP*AP*TP*TP*CP*GP*CP*G)-3') em nanotubos de carbono de características hidrofóbicas e hidrofílicas, utilizando diâmetros na gama D = 3–4 nm. Para o efeito, realizam-se simulações de Dinâmica Molecular Clássica acoplada a algoritmos de metadinâmica (well-tempered) e amostragem de chapéu de chuva (umbrela sampling). A utilização de condições fisiológicas (310 K, [NaCl] = 134 mM) permite extrapolar os resultados obtidos para sistemas in vivo, constituindo assim uma contribuição pioneira na área do encapsulamento de moléculas biológicas com vista à entrega celular.


“Como posso desvendar o segredo da vida?”, pergunta Maximilian (Max) Ferdinand Perutz, estudante de doutoramento no Laboratório Cavendish, nascido em Viena.  Pensa, e elege a hemoglobina como objeto de estudo. Protagonizou uma das maiores contribuições para a ciência do século XX.

Foram mais de vinte anos dedicados à descoberta da estrutura tridimensional da molécula da hemoglobina. Depois, à exploração de zonas de fronteira: funções biomecânicas, biofísica e bioquímica; e às anomalias da hemoglobina, que permitiram o sucesso médico e farmacológico. Recebeu o Prémio Nobel da Química em 1962, que partilhou com John Kendrew.

Perutz não teve uma vida fácil. A Segunda Guerra Mundial transformou o estudante em refugiado e, logo, em inimigo e prisioneiro. Nunca soçobrou. Gisela Peiser e os seus filhos ofereceram-lhe sempre primazia e segurança emocional.

Max Perutz era um homem culto. Gostava de literatura, música clássica e arte. Gostava de escalar montanhas e desvendar segredos dos glaciares. A sua palavra cativava audiências. Era cioso da “sua” hemoglobina. Foi fundador e chairman do MRC Laboratory of Molecular Biology em Cambridge, onde introduziu o ambiente propiciador ao desenvolvimento científico.


A atividade nesta edição é ideal para fazer ao ar livre, até porque pode tornar-se um pouco efusiva! Esta experiência ilustra não só a atuação dos catalisadores nas transformações químicas, como também as reações exotérmicas.

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