Índice-h avalia produção científica individual

Proposto muito recentemente por J.E. Hirsch, o índice-h pretende ser uma ferramenta mais justa e equilibrada para avaliação da produção científica individual e está a gerar alguma agitação nos meios académicos.

De acordo com o seu proponente, o índice-h permite corrigir as deficiências de outras avaliações numéricas de produção científica, como o número total de artigos (que não avalia o impacto dos artigos) ou o número total de citações (que pode ser afectado por casos excepcionais ou manipulado por auto-citação).

O índice-h corresponde ao número h de artigos que recebeu pelo menos h citações, sendo de fácil determinação na base de dados “web-of-science” (ISI): basta ordenar os artigos de um autor por ordem decrescente do número de citações e procurar o ponto onde o número de ordem dos artigos (crescente) se “cruza” com o número de citações (decrescente). Esse valor é o índice-h do autor.

O autor avaliou o índice-h de vários físicos famosos tendo encontrado valores entre h=66 e h=110. Na área de biologia e ciências biomédicas os valores podem chegar a h=190, o que mostra que índice-h é dependente da área científica,. De acordo com um estudo preliminar da Sociedade Portuguesa de Química (a partir dos prémios Nobel de Química mais recentes), os valores típicos do índice-h na área da Química são equivalentes ou ligeiramente superiores aos da área da Física.

O índice-h compara cientistas com tempos de carreira idêntico, mas também fornece um parâmetro de comparação entre tempos de carreira diferentes, através do factor m, dado por m = h / (anos de carreira). Um valor de m=1 (por exemplo, h=20 ao fim de 20 anos de actividade) é considerado por J.E. Hirsch como indicador de um físico bem sucedido. Valores de m=2 serão obtidos por físicos excepcionais, enquanto m=3 indica um indivíduo verdadeiramente único...

Entre os cientistas da área da química recentemente premiados pelo programa de “Estímulo à Excelência” (lista completa em http://www.itqb.unl.pt/~ccr/quimicaemlinha/Index.html), encontram-se valores de h entre 10 e 43 e valores de m entre 0,4 e 1,5. Na área das Ciências da Saúde, o panorama é dominado por António Coutinho (Instituto Gulbenkian de Ciência) com h=69 e m=2,3.

No entanto, se os méritos deste indicador numérico de produção científica estão a entusiasmar uma parte da comunidade científica, a sua aplicação em situações práticas vai encontrar alguma resistência. Muitos cientistas consideram que os indicadores “métricos” (sejam eles o número de publicações, o número de citações, ou o índice-h) não devem substituir a avaliação pelos pares.

O trabalho de J.E. Hirsch foi posto à discussão nos “Arquivos de Física” em 17 de Agosto de 2005 (ver ligação abaixo).


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Publicado/editado: 06/09/2005