A Longevidade dos Químicos e a “Químiofobia”

No número de Dezembro da revista Chemsitry World, o texto de David Jones na coluna “The last retort” aborda, com algum humor, o tema da longevidade dos químicos. Segundo o autor, uma comparação das estatísticas de falecimentos relatados no obituário da ‘RSC News’ e dos dados governamentais para 2003 revela que não há grande diferença entre o tempo de vida dos químicos e a média nacional. De facto, os químicos britânicos até vivem um pouco mais do que o cidadão comum, já que a idade mais comum dos falecidos é de 82 anos (contra os 80 anos para os britânicos típicos).
O que permite uma conclusão encorajadora: ser químico não prejudica a saúde!

Segundo David Jones, o facto merece referência porque estes veneráveis químicos cresceram (e desenvolveram a sua carreira académica) antes do absurdo da “Químiofobia”: ‘pintaram o focinho do cão com solução de fósforo para o fazer brilhar no escuro, preparam pólvora ou ainda pior, tinham os dedos amarelados pelo ácido nítrico, respiraram sulfureto de hidrogénio, brincaram com mercúrio, e lavaram a gordura das mãos com benzeno’.

Pelo contrário, hoje em dia há demasiados receios que não têm qualquer fundamento químico. E é fácil assustar as pessoas com uma qualquer quantidade vestigial de um composto químico: o escândalo da água Perrier em 1990 partiu duma análise que revelou a presença de 25 partes por bilião de benzeno – um resultado que é um triunfo química analítica, capaz de detectar tal vestígio!

Os químicos descuidados do passado, que brincaram com fósforo e mercúrio, ganharam muito mais em conhecimento e familiaridade com estes compostos químicos "amaldiçoados" do que perderam ao se exporem ao contacto com eles. Contudo, a “Químiofobia” continua a ganhar terreno. Já há universidades que oferecem cursos de “Laboratório seco” (dry lab), nos quais os estudantes realizam todas as experiências em segurança, num monitor de computador. Com a tendência a espalhar-se, poderemos ter estudantes com um grau em química e sem qualquer experiência de laboratório químico, mas bastante competentes no uso de ‘software’ e em tarefas de “clicar na caixa”! Qual será o seu desempenho perante um problema da vida real?

[1] Chemistry World, 2007, vol 4(12), pag. 88.



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Publicado/editado: 08/01/2008